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3️⃣ motivos para Verstappen estar vencendo Hamilton e ser o grande favorito na luta pelo título



Max Verstappen (à esquerda) cumprimenta Lewis Hamilton (à direita) — Foto: Divulgação / Fórmula 1

Por Valentin Furlan – 7 de novembro

Pela primeira vez em muito tempo, a Fórmula 1 possui dois candidatos claros tanto para o mundial de pilotos quanto para o título de construtores. Max Verstappen e Lewis Hamilton travam briga de cachorro grande na ponta da classificação individual, bem como a Red Bull desafia a hegemonia da Mercedes no campeonato de equipes. Porém, o equilíbrio em resultados ao longo da temporada nem sempre traduz o que foi visto em relação à performance no decorrer do ano.

Se Hamilton sempre foi cobiçado por sua incrível frieza no momento decisivo de um treino classificatório ou na maestria em poupar pneus durante um GP vital para o campeonato – e, cá entre nós, todos são -, em 2021 a posição de melhor piloto do grid tem holofotes divididos com o rival holandês. O mesmo ocorre com a equipe alemã, que finalmente tem posto de imbatível colocado à prova pelos concorrentes austríacos.

Dessa forma, analisamos o que levou Verstappen momentaneamente à liderança do campeonato, agora com 19 pontos de vantagem sobre o heptacampeão.

Alteração no regulamento e evolução do RB16B

Qualquer ressalva feita nesta discussão precisa passar indiscutivelmente pela maquinaria. Voltando para o início da temporada, a velha história dos cortes aerodinâmicos propostos pela FIA e acordado entre as equipes faz-se presente. E outro ponto indiscutível é o quanto a nova regra afetou o W12 em comparação ao carro de Verstappen e Sergio Pérez.

Rapidamente, explica-se o ‘rake’: angulação formada entre a pista e o assoalho do carro. Quanto maior a abertura, maior a ação do conceito, que se baseia na quantidade de ar passando por baixo do carro – dentro de um intervalo calculado, quanto menos ar, menor a pressão e maior a força aerodinâmica. No geral, a Mercedes aplica um ângulo baixo ao curso de um produto mais longo; a Red Bull, angulação maior em um carro mais curto. Assim, os novos cortes de assoalho passaram a incomodar mais Hamilton e Valtteri Bottas, muito por conta do maior déficit de ação ao longo de todo o comprimento do W12. Antes mesmo da temporada começar, a Mercedes já sofria a primeira baixa.

Entretanto, é de suma importância destacar o grande trabalho realizado pela Red Bull, que elevou o nível do RB16B consideravelmente, a ponto não só de fazer frente aos principais adversários como também de se inserir no meio da discussão pelos troféus. Durante o ano, ainda houve várias declarações de chefias da Mercedes alegando estarem direcionando o foco para 2022, mas nada capaz de ofuscar os méritos da RBR, que escolheu focar no agora.

‘Mira certeira’ da Red Bull (e tropeços da Mercedes)

Ainda dentro do quesito equipes, há de se destacar o trabalho tático da RBR durante a temporada. Este ficou muito evidente no Grande Prêmio da França, quando Verstappen fez uma segunda parada e ultrapassou Hamilton já nos últimos instantes da prova. Os acertos, no entanto, também passaram por possíveis erros adversários.

Extremamente competente no quesito estratégia na ‘era híbrida’, a Mercedes não vive o melhor dos anos em 2021. Aliado aos problemas no carro já dissecados, vêm também algumas escolhas potencialmente infelizes por parte da equipe, que pode ter visto vitórias escaparem em função disso.

Bons exemplos de decisões questionáveis vieram após a ótima apresentação na Espanha, nos GPs da Hungria, quando Hamilton vai sozinho ao grid para relargada enquanto todos os outros carros optam por colocar os pneus slicks, da Itália, no qual Verstappen acaba tendo uma parada lenta, e Hamilton demora a trocar os pneus – o inglês perdeu a vantagem que ganhara para o holandês com o erro nos boxes, e ambos se encontraram na primeira curva –, e, mais recentemente, da Turquia, quando a equipe alemã opta por parar o heptacampeão, o fazendo perder a liderança, quando poderia existir espaço para uma manobra mais agressiva e vencer a corrida sobre os mesmos pneus intermediários do início da prova.

Ainda sobre a estratégia, é importante lembrar que as condições mudam totalmente quando se tem mais um carro na briga. E esse vinha sendo o grande trunfo nas últimas temporadas da Mercedes, que contava com a regularidade de Valtteri Bottas no top 3 para abrir um grande leque de opções na luta contra desafiantes. Em 2021, contudo, isso já não é mais fatídico. A falta de entrosamento com o carro e a possível pressão de entrar no fim do período contratual podem ter batido à porta, mas fato é que a ausência do finlandês no pelotão da frente causa não só problemas para a equipe alemã no campeonato de construtores, como também alguns empecilhos para Hamilton no mundial de pilotos. O alento é Sergio Pérez, que é outro a apenas ora ou outra conseguir tirar um coelho da cartola, apesar de também ter tido seus momentos de grande ajuda a Max. Aliás, falando nele...

Temporada impecável de Verstappen

Na introdução, veio à tona o posto de melhor piloto da categoria e, fossem ‘tempos normais’, não haveria hesitação para entregá-lo a Lewis. No entanto, a temporada 2021 é indiscutivelmente a melhor da carreira de Max não só em questão de resultados, mas também no que tange a performances.

O holandês pouco – ou nada, podem argumentar – erra. As etapas na França, Mônaco, Áustria (ambas) e nos EUA provam a tese. Enquanto isso, é visto em Hamilton algo mais instável, surpreendentemente. O britânico coleciona alguns erros mais graves durante a temporada, sendo o principal deles no Azerbaijão, quinta etapa do ano, quando acabou acionando o botão ‘mágico’ de freios, o tirando, literalmente, da curva 1 na relargada da prova em Baku. Também vale citar a saída de pista em Ímola, na qual danificou a asa dianteira ao tentar ultrapassar George Russell pela parte molhada da pista, e o erro na classificação do GP da Rússia, que teve a McLaren de Lando Norris na pole, apesar da volta por cima no domingo de corrida.

Voltando a Max, no entanto, existe claramente uma vantagem de material base, como o carro mais técnico em pistas mais exigentes de downforce (como é o caso de Interlago, aqui no Brasil, a próxima etapa do mundial), e de confiança. O grande desafio para ambos os candidatos ao título, entretanto, é conseguir manejar a pressão – de um lado, o experiente e potencial maior piloto da história e o talentoso e confiante desafiante ao caneco, do outro. Quem possuir maior frieza – e sorte, por que não? – deverá levantar o troféu ao fim da temporada.


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