Confira o que os gráficos e tabelas informam sobre as performances de Hamilton e Verstappen na corrida de abertura da temporada
Por Valentin Furlan — São Paulo
31/03/2021
Já temos três dias pós-GP do Bahrein, mas a ressaca do início simplesmente sensacional da temporada 2021 da Fórmula 1 segue - para acessar o resumo e história do GP, clique aqui! Ainda nesse mesmo ritmo, vale muito a pena dissecarmos, por fim, o que a tecnologia nos conta das performances dos dois candidatos à corrida, Lewis Hamilton e Max Verstappen.
Após o Zona Mista lhe trazer uma análise e explicação completa da estratégia utilizada pela Mercedes, que, mesmo com um carro mais lento e instável, conseguiu vencer a prova e RBR, é hora de mergulhar a fundo no que a telemetria nos conta do fim de semana no Bahrein. Sem mais delongas...
Treino Classificatório: Erro de Lewis confirma favoritismo da Red Bull
Verstappen ficou com a pole position, no sábado (27), após realizar volta espetacular, com 388 milésimos de vantagem para a Mercedes de Hamilton – uma diferença grande, assumindo o domínio inquestionável da equipe alemã em 2020.
Antes de mais nada, vamos ao gráfico:
Pontos destacados em verde:
1) Max conseguiu fazer a Curva 5 em menos tempo, com mais velocidade. Naturalmente, perdeu alguns milésimos na freada mais agressiva na Curva 7, mas o saldo final foi positivo em relação a Lewis: a RBR foi mais veloz no setor 2.
2) O erro de Hamilton na curva 10 fica claro. Estima-se que o resultado negativo no cronômetro tenha sido de três décimos em comparação a Verstappen. Conforme visto nas imagens (assista abaixo), a tendência de é que o heptacampeão tenha perdido parte da traseira, o obrigando a utilizar precioso tempo recolocando o carro no eixo. Ainda, dá pra ver que isso ocorre mesmo com o inglês entrando com menor velocidade, evidenciando ainda mais a problemática aerodinâmica da Mercedes neste início de temporada.
3) A queda clara na aceleração do W12 fica evidente, já que a linha vermelha vira praticamente uma reta na horizontal. Note que a linha azul, contudo, segue em ascensão, indicando que Hamilton deixou de utilizar o ERS (Sistema de Recuperação de Energia) durante a reta prévia à Curva 15.
Corrida: Mesmo com carro mais instável, Mercedes vence o jogo de xadrez
Como lhe trouxemos em matéria explicando completamente as estratégias de Mercedes e RBR, a chance da equipe alemã vencer a corrida se baseou, sucintamente, em apostar em uma manobra parando mais cedo e visando à boa conservação de pneus de Hamilton, além da pressão constante de Bottas, no 3° lugar. Mas as coisas saíram parcialmente do controle após erro da equipe na parada do finlandês, dando uma emoção maior do que a planejada.
Observe que, até a volta 13, a vantagem do holandês – que precisava ser de, em média, 1,7 segundo, conforme preponderou a equipe alemã – se mantém constante. A partir daí, o intervalo sobe, claro, quando Lewis faz sua primeira parada a fim de tentar o undercut para cima de Max. E deu certo. Na volta 18, o heptacampeão lidera a corrida, ainda que com compostos mais utilizados.
Na volta 14, a vantagem para Hamilton era de apenas 22,5 segundos. E a média de tempo perdido ao parar nos boxes do Bahrein é de 23 segundos. Max perdeu 22,88. Portanto, retornaria, ainda que parando logo em seguida, quatro décimos atrás da Mercedes de Lewis, eliminando qualquer argumento de que a Red Bull teria parado tardiamente, na volta 17.
O resultado de todo o jogo de xadrez foi este: Hamilton se viu obrigado a fazer literalmente meia-corrida sobre os mesmos compostos. Para piorar, após sua última parada, Max reduziu uma diferença de 7,6 segundos para 8 décimos, em um período de 11 voltas. E aí começou toda a brincadeira.
Degradação de pneus após últimas paradas
O gráfico nos diz duas coisas, em um raso olhar: Primeiro, Lewis foi extremamente categórico na conservação de seus compostos duros, que rodariam durante 50% da prova, mesmo parando incríveis 11 voltas antes da RBR. Segundo, a diferença de quase oito segundos citada anteriormente, a qual Max praticamente eliminou em 11 voltas, degradou tanto os pneus do holandês que, conforme observado a partir da volta 44, a vida útil dos compostos dos dois pilotos passou a ser a mesma, o que atrapalhou - e muito - as ambições de Max.
Este gráfico só torna tudo mais claro: Verstappen rodava em muito menos tempo - era mais veloz, portanto - até a volta da ultrapassagem ilegal, na visão dos comissários. Com pneus mais gastos que Hamilton, passou a ter dificuldades e a ser superado em tempos de volta.
Resumo da ópera: Hamilton soube conservar seus emborrachados, mesmo sob a constante ameaça de Verstappen, que, com pneus 11 voltas mais novos, aproveitou toda a aderência disponível e encostou no inglês. Contudo, a partir daí, sofreu com a falta de aderência de seus duros, o que complicou a reta final da corrida e culminou no 2° lugar.
"Eu simplesmente não tenho mais pneus para atacar", disse Max, pelo rádio, após ultrapassagem mal-sucedida sobre Lewis.
Últimas voltas
No geral, a RBR vencia o duelo em curvas de alta e média velocidade, mas era superada por Hamilton nas retas. No fim, o saldo era favorável a Max, conforme visto na última seção.
1) Apesar de terem ritmo semelhante na curva 4, os pneus mais conservados de Max lhe dão vantagem no seguimento de todo o setor 2.
2) A velocidade de Max, no apex da curva 11, é 11 km/h maior que a de Lewis. Contudo, como resultado, tem uma desaceleração mais brusca na curva 12.
3) Hamilton consegue o vácuo de Russel, que vinha uma volta atrás, aumentando claramente sua velocidade média.
A ultrapassagem
Destaques:
1) Verstappen chega na curva 1 30 km/h mais veloz, graças ao DRS e vácuo de Hamilton.
2) Max mergulha no limite na primeira curva e consegue maior velocidade na saída.
3) Curva 4: Verstappen faz a ultrapassagem por fora da pista, mas faz sai de traseira ao deixar de fazer contato com o asfalto e faz uma correção brusca no alinhamento do carro.
4) Momento em que Verstappen cede a posição a Hamilton, conforme pedido da direção de prova.
5) Conforme já entramos no mérito, a degradação de pneus foi grande nesta última movimentação, o levando a perder aderência nas curvas 12 e 13.
A última volta
Verstappen consegue seis décimos de vantagem a Hamilton até a entrada da cruva 4, mas perde tempo durante as curvas de alta e média velocidade, justamente onde teve vantagem durante todo o fim de semana. A perda de aderência era grande e impossibilitou a investida final.
1) Verstappen é mais rápido na reta, uma vez com efeitos de DRS e vácuo somados. Contudo, desliga o ERS antes que o rival.
2) O holandês demora para conseguir tração e perde tempo na caça ao líder.
3) Os dois pilotos sofrem com a falta de aderência e realizam várias correções até a última curva, que levou à vitória de Hamilton e ao fim da magnífica prova.
KKKKKKKK QUE ANÁLISE É ESSA? PELO AMOR DE DEUS! SENSACIONAL!!!!!!