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Os treinadores são os culpados pelo insucesso do futebol brasileiro?

  • "Vale a pena manter um profissional visando um futuro vencedor ou buscar alguém que sirva de imediato?"

  • "O que notamos disso tudo é a impaciência e o quão imediatista é o futebol no Brasil"


Vanderlei Luxemburgo, durante partida contra a Chapecoense quando ainda comandava o Vasco — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

O futebol brasileiro é, sem dúvidas, um dos que mais se destacam mundialmente no quesito 'exotismo'. Além de organizações e calendários considerados bizarros por alguns, o mesmo se destaca também pela troca frequente de comandantes técnicos por parte dos clubes nacionais. E, com a troca dos treinadores, vêm as mudanças de metodologias de trabalho e ideologias de jogo. Tal fato nos leva à seguinte questão: se existem tantas trocas pelo mau desempenho dos times em campo e praticamente nenhuma delas surte efeito, seriam os técnicos os principais culpados pelo insucesso em nosso futebol? Recentemente, em entrevista ao programa Jogo Aberto, da Band, o meio-campo do São Paulo Daniel Alves rasgou elogios ao atual técnico são-paulino Fernando Diniz:

"Foi o que eu falei para o Diniz quando o conheci, em Paris. 'Ok, você é o melhor treinador do Brasil, sigo pensando até hoje, mas você não encontrou as peças que façam de você o melhor treinador do Brasil'. Porque não vale você ter só o conceito e ideias se atrás não tem as pessoas que os executem bem para poder ganhar. Por que o Diniz praticava a maior posse de bola, o maior domínio de jogo e não ganhava? Eu falei: 'Não, você tem que mudar, precisa encontrar pessoas que façam seu trabalho ser valorizado e tenha essa importância que eu acredito que tenha'.

Daniel disse que Diniz é "o melhor técnico do Brasil" — Foto: — Foto: Érico Leonan/São Paulo FC

O pronunciamento do camisa 10 deixa efeito de sentido positivo quanto ao posicionamento do elenco tricolor em relação ao comandante Diniz, algo raramente visto. O resultado desta sintonia pôde ser notada dentro das quatro linhas, já que o rendimento dos atletas vinha aumentando nos últimos jogos: um 3 a 0 contra a LDU, pela Libertadores, e 2 a 1, de virada, contra o Santos. Quando o assunto é troca recente de treinador, não se pode deixar de citar Jorge Sampaoli, ex-técnico santista, que hoje defende o preto e branco do Atlético-MG. O argentino obteve resultados impressionantes e muito satisfatórios no comando do alvinegro praiano, somando 35 vitórias, 15 empates e 15 derrotas. No Brasileirão de 2019, conquistou o vice-campeonato com um elenco considerado abaixo do padrão dos demais times que disputavam o título do campeonato.

Sampaoli, quando ainda treinava o Santos; treinador pediu demissão ao fim da temporada passada — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Um destes times é o Flamengo, comandado pelo excelente técnico Jorge Jesus. O português de 65 anos apresenta números incríveis pelo clube carioca: em 51 partidas, foram 39 vitórias, 9 empates e apenas 4 derrotas. Assim, conquistou 5 títulos: a Copa Libertadores de 2019, o Brasileirão de 2019, a Recopa Sul-Americana de 2019, a Supercopa do Brasil 2020 e a Taça Guanabara 2020, sendo os três últimos antes da paralisação. Hoje, o Mengão sonha com a renovação de contrato do técnico.

Os últimos dois casos citados tiveram ascensão meteórica e despertaram interesse de continuação de trabalho por parte dos clubes. Sampaoli, entretanto, pediu demissão do cargo. Jorge Jesus, por outro lado, tende a permanecer no cargo por mais tempo. Mas, nem sempre é assim: muitos técnicos sofrem por não conseguirem aplicar uma sequência ao seu trabalho e acabam sendo dispensados de sua função de maneira precoce, na maioria das vezes, pelo fracasso em função de resultados. O que notamos disso tudo é a impaciência e o quão imediatista é o futebol no Brasil. Nem sempre é conquistada a união da boa performance ao resultado. Ou pelo menos, não logo de cara. Um exemplo de longevidade dentro da América do Sul é o caso de Marcelo Gallardo, 44, treinador do River Plate. Contratado pelo clube argentino em 2014, já soma sete títulos, sendo duas Libertadores. São praticamente sete anos no comando da equipe.

A reflexão causada por isso tudo é extensa e, de certa forma, pessoal. Vale a pena manter um profissional visando um futuro (talvez distante) vencedor ou buscar alguém que sirva de imediato?

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