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Atualizado: 29 de jul. de 2021

Silver Arrows acabaram prejudicadas pela temperatura baixa do asfalto durante o Grande Prêmio da Emilia-Romagna

Por Valentin Furlan — São Paulo

20/04/2021

Lewis Hamilton é ultrapassado por Max Verstappen durante a segunda curva, após a largada — Foto: Bryn Lennon / Getty Images

Verstappen venceu o sensacional Grande Prêmio da Emilia-Romagna. Foi uma corrida cheia de reviravoltas, mas que, pela primeira vez em um bom tempo, não foi apostada em nome da Mercedes, logo no início da prova. A conquista da pole position por Lewis Hamilton não foi tão produtiva, já que foi precocemente ultrapassado por Max, na 2ª curva, durante a largada. Um pouco mais atrás, em 8°, Valtteri Bottas, seu companheiro de equipe, dava pinta de fazer uma corrida estéril, sem almejar qualquer recuperação, algo que foi posteriormente evidenciado pelo abandono seguindo batida feia com George Russel. Mas qual o verdadeiro motivo para o ritmo irregular da Mercedes?

 

A causa latente

A equipe teve um problema prioritário durante todo o fim de semana: a dificuldade em manter a temperatura de seus pneus. Durante os treinos livres, claro, conseguiu bons tempos - Bottas liderou o TL1 e TL2, enquanto Lewis foi o 3° mais veloz no TL3, quando a temperatura, inclusive, já era mais amena -, uma vez que a janela para aquecimento era imensamente maior do que no Treino Classificatório, a título de exemplo, justamente onde demonstraram os primeiros sinais de fraqueza, evidenciado pela posição de largada de Bottas, apesar da volta mais veloz do grid de Hamilton.

 

O que foi feito para amenizá-la?

Conforme publicado por Mark Hughes, analista-técnico da Fórmula 1, a equipe alemã tentou resolver o empecilho, na véspera do GP, ao implantar uma série de 'envelopes' de carbono, uma vez que a direção de prova já sabia do risco de chuva e permitiu, dessa forma, com que os mecânicos reavaliassem e reconfigurassem suas máquinas. Esses envelopes são capazes de incrementar ou limitar a quantidade de calor dissipado durante a freada. E isso até melhorou o ritmo do carro de Lewis, mas não o suficiente para bater de frente com a Red Bull. Valtteri, por outro lado, seguiu com as mesmas dificuldades durante a corrida.

 

Qual o papel decisivo da chuva?

Sabe o que acontece quando uma pista fria é assolada por um temporal pouco antes da largada? A temperatura do asfalto cai. Cai bastante. Consequentemente, você já deve ter entendido, a Mercedes teve ainda mais problemas para aquecer seus compostos. E sem compostos na temperatura ideal, não se consegue máxima aderência. E sem máxima aderência... bem, as coisas ficam um pouco mais complicadas.

Portanto, perder a liderança logo na primeira curva era um risco grande, já que seria praticamente impossível para Lewis atingir uma temperatura perto do ideal, durante a volta de apresentação. E Verstappen não só o passou, como tirou todo o proveito da vantagem: em poucas voltas, aplicou incríveis cinco segundos de vantagem para o heptacampeão, que não demonstraria poder de reação sobre a pista encharcada.

 

A (quase) virada de jogo

E, é claro, a chuva parou. Com isso, a pista já se encontrava relativamente seca a partir da 15ª volta. E poderia ser outro ponto de inflexão para a Mercedes, assim como no Bahrein. Quase foi.

Sem a água, a temperatura do asfalto aumentava gradualmente, facilitando, assim, com que Lewis conseguisse fazer seus compostos atingirem, por fim, a temperatura ideal. E ainda havia um ponto muito importante: ser mais veloz, como Max vinha sendo até então, exige mais dos seus pneus. Portanto, quando a água começou a evaporar, Hamilton não só passou a obter mais aderência, como passou a se utilizar dos compostos praticamente inutilizados e muito mais conservados do que os intermediários de Verstappen.

E o resultado disso você já sabe: o inglês passou a realizar voltas muito consistentes, diminuindo a diferença para menos de dois segundos, até a volta 26.

Como consequência óbvia do desgaste, o holandês fez a parada antes de Lewis, o que abriu um intervalo para a Mercedes tentar o overcut – manobra contrária à que fora feita no Bahrein –, realizando boas voltas a fim de retornar dos boxes à frente da RBR e com pneus totalmente novos.

Agora, você pode se perguntar o por quê de não realizar o undercut – parar mais cedo que o carro à frente e tentar permanecer na ponta, após este realizar a parada nos boxes; agora sim, a mesma manobra utilizada na vitória no deserto. E a resposta é simples: por conta da incapacidade de manter a temperatura estável dos emborrachados, que não conseguiriam prover a aderência exigida para realizar voltas mais velozes. Se Hamilton colocasse novos pneus, gastaria uma eternidade para elevar a temperatura dos mesmos, fazendo com que a diferença para Max voltasse a crescer.

 

Então, o que deu errado?

Justamente a parada de Hamilton. Lembra dos 'envelopes' de carbono? Pois bem, com a retenção maior de calor, o metal acabou dilatando e ocupando um volume maior do que o esperado, gerando maiores dificuldades para sua remoção durant o pit stop. Posteriormente, foi constatado, ainda, um problema com a parafusadeira eletrônica. Esse compilado acabou rendendo um atraso em dois demorados segundos, inteiramente capazes de jogar a esperança de um overcut por terra.

Mas os problemas do inglês estavam longe de acabar: Lewis ainda causaria mais danos em sua asa dianteira, ao tentar ultrapassar o retardatário George Russel pelo lado molhado da pista e ir para o cascalho. Não fosse o acidente entre o próprio Russel e seu companheiro Valtteri Bottas causando uma bandeira vermelha e a paralisação da prova poquíssimo tempo depois, o heptacampeão dificilmente chegaria ao pódio.

Assim, o aquecimento dos pneus será um problema para Toto Wolff e toda a sua trupe gastarem tempo pensando em uma solução até a 3ª etapa em Portugal, daqui a duas semanas. Quem sorri alegre é o fã da categoria, que espera ansiosamente a próxima batalha entre Mercedes e Red Bull.

Na ordem, Lewis Hamilton, Max Verstappen e Lando Norris celebram pódio em Ímola — Foto: Dan Istitene / Fórmula 1 via Getty Images

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