Por Valentin Furlan (@Furlan_Valentin)
Bolonha (ITÁ)
Diferentemente da primeira prova da temporada, no Bahrein, as equipes certamente sentiram falta de mais meia-hora em cada sessão de treinos, nesta sexta, em Ímola.
Não tivemos testes de pré-temporada neste asfalto e fazem mais de 6 meses desde a última vez em que os pilotos correram no Autódromo Enzo e Dino Ferrari. Assim, apesar de carros pouco alterados em relação aos modelos de 2020, bem que os engenheiros e mecânicos fariam de tudo para conseguir mais informações de telemetria para o primeiro fim de semana em solo europeu de 2021, já que esta temporada será contemplada com sessões de apenas uma hora nas sextas-feiras, não mais de uma hora e meia.
Sem maior enrolação, vamos ao que os gráficos e números nos contam...
Tempos de volta
A Red Bull entrou no fim de semana do mesmo modo em que encerrou o Grande Prêmio do Bahrein: ameaçando fortemente a dinastia da Mercedes. O RB16B é o carro mais rápido do grid no momento, seja em ritmo de corrida, seja em ritmo de classificação. Mas não foi isso que vimos nos treinos. E não é isso o que a telemetria afirma.
Baseado no ritmo dessas duas primeiras sessões, a Mercedes avançou - muito - em relação à última apresentação. Prova disso foram os elogios partindo de Hamilton e Bottas em relação ao equilíbrio do carro, que vinha sendo alvo de críticas na abertura da temporada. Parte disso se deve à atualização de uma série de peças do W12.
Aliás, não só a equipe alemã se deu bem, mas foi um dia muito apreciativo aos que gostam dos motores trabalhando em máxima rotação. Muito se dá por conta da temperatura amena neste fim de semana, conforme publicado pelo Zona Mista na última quarta-feira (14), com a previsão de tempo completa para cada sessão. Inclusive, não se surpreenda caso os compostos macios sejam menos desejados durante o Q2 - o frio dificulta com que os pneus sejam aquecidos por completo, aumentando a chance de esfarelarem.
Além da Mercedes, a AlphaTauri, mais uma vez, ficou sob os holofotes. Embora Yuki Tsunoda tenha sido surpreendido por problemas eletrônicos, Pierre Gasly realizou voltas consistentes e conseguiu ótimos 5° e 3° lugares, respectivamente, no TL1 e TL2.
Outro destaque ficou para Max Verstappen, que terminou apenas 58 milésimos atrás de Valtteri Bottas na primeira sessão, mas foi obrigado a deixar o 2° Treino Livre com problemas maiores na caixa de câmbio. Seu companheiro de equipe, Sergio Pérez, também abandonou uma das sessões, a primeira, quando foi tocado por Esteban Ocon e acabou perdendo o pneu traseiro esquerdo, causando uma bandeira vermelha.
O gráfico abaixo, à esquerda, mostra o melhor tempo de volta de cada piloto. À direita, o tempo de volta ideal, obtido através de análise entre carros e circuitos, nas condições atuais.
Conforme visto, Hamilton ainda tem alguns décimos preciosos no horizonte, o colocando à frente de Bottas. Em dia pouco produtivo, a RBR não chega nem perto da principal adversária, ficando quase 1,5 segundo atrás da Mercedes. Belo dia para a Ferrari de Chales Leclerc e Carlos Sainz, que permaneceu dentro do top 5 durante todo o tempo.
Ritmo de classificação
Os gráficos mostram uma vantagem confortável para a Mercedes: quase meio segundo para a equipe de trás. Contudo, o que mais impressiona, por incrível que pareça, é que a segunda fila seria preenchida pela Ferrari e, não, pela RBR.
É claro que 10 milésimos é uma diferença totalmente inaceitável para se fazer qualquer previsão, mas fato é que a Ferrari está lá no topo. E supondo, ainda, que a RBR supere uma equipe italiana, ainda terá que se preocupar com outra, a AlphaTauri, que vem pouco mais de um décimo atrás.
Vale ressaltar os tempos mais altos da McLaren, que fez uma corrida no Bahrein muito consistente - Lando Norris terminou em 4° e Daniel Ricciardo, no 7° lugar -, mas teve problemas nos treinos livres na Itália. De modo muito simplificado, a equipe tem sido exemplo na elaboração do pacote aerodinâmico na parte traseira do carro. O circuito de Sakhir, por exemplo, apresenta uma pista que faz os pilotos brigarem com essa seção do carro, saindo muito de traseira. Em Ímola, por outro lado, a coisa muda - e é um dos pontos para a melhora da Mercedes: a tendência é a saída de frente, onde o carro ainda não é tão bem desenvolvido.
De qualquer forma, a disputa pela 3ª posição no grid de largada tende a ser muito emocionante. Red Bull, Ferrari e AlphaTauri definitivamente estão na briga. Muito na briga.
Ritmo de corrida
No domingo, as coisas mudam. Aquele equilíbrio entre Ferrari, AlphaTauri e RBR tende a sucumbir. A Red Bull prevê bons tempos por volta no Grande Prêmio e visa a incomodar mais uma vez a Mercedes. A diferença entre as equipes rivais é de um décimo apenas.
A Ferrari, um pouco mais atrás, fica isolada atrás dos líderes. Apesar de ritmo muito bom em tiros curtos, o prognóstico para a AlphaTauri é um pouco menos ambicioso, sendo, em média, 3,5 décimos mais lenta que a equipe compatriota, que deve fazer tempos por volta de 4 décimos a mais que a Mercedes, teoricamente mais veloz.
A Alpine é outra que pode apresentar melhora. Sob a direção de Fernando Alonso, viu seu carro ir ao limite e ficar à beira da zona de pontuação no deserto, não fosse o abandono do espanhol. Esteban Ocon, seu parceiro, terminou em 12°. Agora, em Ímola, a tendência é de brigar por vagas dentro do top 10, com a McLaren.
Uma das decepções até aqui, a Aston Martin amarga luta contra a Alfa Romeo. Não entenda mal, a Alfa acertou ajustes aerodinâmicos extremamente relevantes, além da óbvia melhora do motor Ferrari, mas fica um gosto de "o que a Mercedes fez que nós não fizemos", já que a equipe alemã apresentou uma melhora consciente para este fim de semana, e o time de Lance Stroll e Sebastian Vettel, não. Situação não muito agradável para uma equipe que, declaradamente, copia seções permitidas - normalmente - da Mercedes.
adorei o texto. também acho que a tendencia eh da rbr se aproximar na corrida. ngm melhor para afirmar isso do que os gráficos hahahah. abraços