"Concordando ou não com os seus métodos de protesto, Kaepernick acendeu a luz de um problema"
Acompanhe a análise do repórter Luiz Belotti
Um quarterback que tinha tudo para ser um dos grandes nomes da liga, sendo apenas questão de tempo até chegar ao Super Bowl, estabelecendo um padrão de mobilidade e um modelo de jogo dinâmico, seja aéreo, seja corrido. Parece até que estamos falando sobre Lamar Jackson, sensação da liga na temporada passada, mas se trata de um jogador um pouco mais velho.
Colin Kapernick tinha todos estes atributos. Um jogador alto, com um talento incrível para o jogo terrestre, bons passes e uma ótima visão de jogo, além de jogar em, San Francisco, uma equipe que sentia a falta de um signal caller nível franchise. Chegou ao Super Bowl em um um duelo histórico entre dois irmãos: Baltimore Ravens de John Harbaugh contra Jim Harbaugh e seu 49ers. Os Ravens acabaram vencendo aquele jogo, mas o impacto de Kapernick seria muito mais duradouro.
Nas temporadas seguintes, atingiu seus melhores números em toda a carreira. Chegou à final de conferência contra os Seahawks em um jogo que legitimou a 'Legion Of Boom' como uma das melhores unidades defensivas da história da liga.
Em um 2015 sofrendo com lesões, teve resultados decepcionantes, trazendo dúvidas quanto à sua qualidade para a temporada seguinte. No ano seguinte, inicia-sea briga entre Kaepernick e a NFL.
Durante um jogo amistoso na preparação para a temporada Colin se ajoelhou durante o hino nacional dos Estados Unidos em forma de protesto pela violência policial com os negros.
“Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro e as pessoas de cor”, disse antes de ser duramente criticado por torcedores.
Os protestos seguiram por muito tempo e o quarterback sempre fez questão de se mostrar à frente deste processo, se ajoelhando antes de todos os jogos da temporada de 2016. Este ano ficaria marcado como o último de Kaepernick na liga, mas a sua briga política estava apenas começando.
Mesmo fora dos campos, os protestos seguiam com diversos times e jogadores tendo os aderido. Ainda, outros ficavam de braços dados como forma de união perante um tema tão delicado. O presidente dos EUA Donald Trump criticou fortemente as ações dos jogadores e pediu a intervenção da NFL, pois considerava os atos um desrespeito perante a bandeira americana.
As reivindicações tiveram ainda mais força quando Jerry Jones, dono da maior e mais cara franquia esportiva do mundo, Dallas Cowboys, de acordo com a Forbes, entrou em campo para a exibição do hino nacional e se ajoelhou junto aos seus jogadores. Ao redor do país, todos os times tinham todo o seu elenco ou parte dele fazendo algum tipo de protesto antes dos jogos.
Muitas pessoas buscam em atletas uma referência, sobre o pensamento e atitudes que queiram tomar. Os protestos de Colin Kaepernick são importantes para que casos como o de Minneapolis, da morte de George Floyd, não ocorram mais.
Enquanto isso, Kaepernick segue fora da liga e as perguntas que ficam são: quanto os resultados ruins eram culpa do QB e, não, de um time em reestruturação? Por que um jogador que encantava tanto a todos, não é mais bem visto dentro da liga? O motivo de não estar mais na liga é puramente técnico? O quanto a briga política afeta o seu retorno?
Concordando ou não com os seus métodos de protesto, Kaepernick acendeu a luz do problema, trouxe uma necessidade de conscientização para uma causa e mudou a forma como as injustiças raciais devem ser enfrentadas, não só dentro da NFL, mas alertando para os posicionamentos necessários em todas as ligas americanas, e muito além disso, como a sociedade deve se posicionar em relação ao que acreditam.
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