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Análise: O que levou o São Paulo a empatar com o Racing e se complicar na Libertadores

"Acreditar que a classificação no El Cilindro é possível. O futebol apresentado pelos argentinos não foi algo muito vistoso"

Por Felipe Wolp Lunardelli — São Paulo (SP)

14/07/2021 11h08

Ignacio Piatti conduz a bola, sendo marcado por Luan (atrás) e Igor Vinícius (à frente) no Morumbi — Foto: Nelson Almeida / AFP

São Paulo e Racing empataram na noite dessa terça-feira (13), no Morumbi, em 1 a 1, pelo jogo de ida da fase de oitavas de final da Taça Libertadores da América. O resultado dá a vantagem do empate sem gols ao time argentino no jogo de volta, a ser realizado na próxima terça-feira (20) no Estádio Presidente Perón, conhecido como “El Cilindro”.

O jogo foi bastante estudado, mas ambas as equipes já se conheciam – Racing e São Paulo estiveram no mesmo grupo E da fase inicial do torneio –, e isso acabou por deixar o jogo bem truncado. O tricolor paulista abriu o placar através do oportunismo de Vitor Bueno, que aproveitou falha grotesca do goleiro Arias, que, minutos depois, se redimiu defendendo um lance cara-a-cara com o mesmo Vitor Bueno. E o Racing chegou ao empate nos acréscimos da primeira etapa com o camisa 9 Copetti, que fez jogada individual para cima do zagueiro Diego Costa e finalizou no cantinho do gol de Tiago Volpi. Na segunda etapa o placar não sofreu alterações.

Dito isso, quais foram as principais razões que levaram o São Paulo ao empate?

Desconexão entre o meio-campo e o ataque

Durante o primeiro tempo inteiro, o Tricolor do Morumbi jogou com três volantes e com Igor Gomes como um segundo atacante mais próximo de Eder, mais à frente, e isso trouxe um poderio defensivo grande ao time, que se defendeu muito bem durante todo o jogo. Por um outro lado, Liziero, Luan e Rodrigo Nestor ficavam afastados do setor mais ofensivo, diminuindo o repertório do ataque – foram poucas as vezes em que o Igor conseguiu uma ligação com Eder, já que não tinha apoio dos alas ou dos volantes para triangulações. Restava, portanto, aos são-paulinos atacar os argentinos através dos contragolpes, que surtiram efeito durante a reta final da etapa inicial, mas não foram bem aproveitados pelo dono da casa. Na reta final do jogo, Benítez trouxe uma maior dinâmica ao time, mas para isso precisava buscar a bola e, por conseguinte, jogava grande parte do tempo de costas ao gol adversário.

A falta de um camisa 9

Eder começou a partida como titular, mas saiu machucado para entrada de Vitor Bueno, que foi oportunista e marcou o único gol de seu time. Mas apesar de seu voluntarismo e de incrivelmente essa ser sua melhor função no clube, o camisa 12 ainda toma decisões erradas na posição. Ironicamente, Pablo, literalmente o camisa 9 do clube, estava no banco, já que não rende e vem perdendo cada vez mais espaço com Hernán Crespo. De fato, alternativa acertada, uma vez que o jogador não dava premissas de ajudar nessa situação, pois nunca conseguiu segurar a bola no ataque para a chegada dos alas ou dos meias, e agora não dava pinta de ser diferente.

Nessa ideia, o tricolor de fato precisou de um pivô na partida de terça à noite, alguém que segurasse a bola quando ela chegasse ao ataque para que a aproximação fosse facilitada. Além da falta do faro de gol de um artilheiro, potencializado pelas chances perdidas na reta final do primeiro tempo.

Camisa 12 marcou, mas não convence como centroavante — Foto: Nelson Almeida / AFP

Um zagueiro pouco confiável

Quando subiu para o profissional, ainda sob comando de Fernando Diniz, o camisa 4 Diego Costa, mostrou ser um zagueiro competente e que, além de seguro, apresentava uma confiança em si muito grande e chegou ludibriar os torcedores. Contudo, seu futebol e boas atuações parecem ter sumido com o passar do tempo.

O defensor tomou decisões erradas e atrapalhou a saída de bola do time do Morumbi por não ter demonstrado grande habilidade com a bola nos pés: quando não colocou Volpi no sufoco, rifava a bola para frente. A demora e hesitação para tomar uma decisão prejudicam tanto o jogador quanto o esquema e modelo de jogo são-paulino. Um exemplo de que essa demora atrapalha o time é a titularidade de Léo jogando pelo lado esquerdo da zaga: o antes lateral assumiu o posto de titular por conseguir fazer essa primeira bola chegar mais rápido ao volante e aos meias, algo que Diego, jogando pelo lado direito, não pôde fazer na noite de terça.

Ao menos, o torcedor são-paulino pode comemorar a volta de Bruno Alves para a segunda partida, além das chances de Miranda e Rigoni deixarem o reffis. Acreditar que a classificação no El Cilindro é possível. O futebol apresentado pelos argentinos não foi algo muito vistoso.

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